quarta-feira, 2 de julho de 2014

CUIDADO COM A LACTOSE

Como tenho de lidar diariamente com uma tripa com vontade própria vou estando atento ao que se passa dentro de mim. Há uns 14 anos comecei a reparar que muitas vezes tinha azia a meio da tarde. O médico disse para tomar um anti-ácido. Comprei uma caixa e tomei algumas vezes, mas porquê tomar mais medicamentos?  Comecei por tentar perceber o que era. Café? Deixar de tomar e eram uns 3 ou 4 por dia. Melhorei qualquer coisa mas a azia voltava novamente. Lembro-me de ouvir falar de lactose e que o ser humano só tem a enzima lactase até aos 4 anos (idade em que deixa de beber leite materno). Seria a lactose a razão da azia e me causava o mal-estar? Pensei quantas vezes bebia leite ou iogurtes, comia manteiga,queijo (adoro) e refeições com natas. Parei de ingerir lactose para experimentar e tive alguns bons resultados. Não sou alérgico mas uma coisa é certa sou intolerante à lactose. Se abusar de leite e derivados além da azia que é mais óbvio a tripa fica muito rabugenta e às vezes incha e por aí fora... Sei que há pessoas que vivem uma vida inteira com estes sintomas, são intolerates e não sabem. Eu não tolero nem nunca tolerarei a lactose! Cuidado com as vacas.

terça-feira, 1 de julho de 2014

COMER OU NÃO COMER EIS A QUESTÃO.

Depois de tantas novidades na minha vida tinha de começar a cortar na comida. O que posso comer e o que os meus médicos dizem sobre isso? Devo evitar comidas industrializadas, não cometer excessos e praticar exercício físico. Mas não é isto que qualquer pessoa devia fazer? Isto dá para todos, portanto não dá para mim. A informação que os médicos me deram é escassa? É. Tendo em conta o que hoje sei, preocupam-se mais com a medicação, do que propriamente com a prevenção. Hoje posso dizer que há alimentos que não posso comer e claro que os industriais fazem parte dessa lista mas há outros. Sobre esses irei falar futuramente.

quinta-feira, 24 de abril de 2014

EU SOU 1 EM 1000.

Em 1998 depois de receber o resultado da colonoscopia foi-me diagonosticada a Colite Ulcerosa, uma doença crónica, que é como quem diz: isto é para sempre e não há divórcio possível!
Tudo era novo para mim. Não conhecia nada e o próprio nome era difícil de fixar. Procurei alguma informação na net mas pouco havia e fui a um especialista na matéria: um gastroenterologista, o melhor do Porto. O que me disse foi que esta doença quase só existe nos países industrializados (quem diria), que os fumadores não são tão atingidos, que devo ter algum cuidado com a alimentação e que atinge 1 em 1000 pessoas. Que pontaria! Porquê a mim? As minhas perguntas foram poucas porque as novidades eram imensas e bloqueavam-me o neurónio. Ainda não tinha percebido bem onde estava metido. Vamos ao que interessa? Receitou-me Messalazina e corticóides (Salofalk e Lepicortinolo) para fazer durante uns meses e paguei um balúrdio que me deu a volta às tripas.

quinta-feira, 3 de abril de 2014

ENDOSCOPIA E COLONOSCOPIA À VISTA!

Depois do festival das cólicas na Expo98 melhorei. Mas não podia fazer de conta que nada tinha acontecido. Seria uma gastroentrite? O que comi estragado? Será algo mais? Muitas vezes o medo faz-nos paralisar o cérebro. Falei com a minha irmã que me arranjou uma consulta no hospital já com colonoscopia e endoscopia marcadas. Meeeeeedo! Vão espiar o meu interior. Entrar na minha intimidade.
A preparação:
Quatro litros d'A Cena que tem a intenção de ter aroma de cheiro a baunilha. Primeiro copo: O gosto e o cheiro são ainda desconhecidos ao organismo e portanto desce. Ao segundo copo já começa a meter nojo. Horrível depois do terceiro copo e vai piorando. A partir dos 2 litros não consigo adjectivar e estou traumatizado com o cheiro. Custou-me muito beber os 4 litros d'A Cena. Tapei o nariz e não sei como mas lá bebi ou engoli tudo. O que se passou nas horas seguintes é uma limpeza total que não vou descrever.
Quando cheguei ao hospital a única coisa que ia dentro de mim eram alguns pensamentos, de resto era o vazio total. A fome chega a uma altura que não incomoda mais. Esquece-se.
Endoscopia: tudo bem, engoli o tubo e pronto.
Colonoscopia: na anestesia contei até 9 e ZZZZZZZZZZZZ!
Quando acordei não estava bem a reconhecer o meu corpo. Fazia-me lembrar um balão e só não levantei voo porque o ar não era quente o suficiente. Uma fuga aqui, um escape ali, um arzinho acolá e a barriga voltou ao normal.
- E o resultado destes exames quando sei senhor doutor?
- Vamos saber depois das biópsias serem analisadas.
- Biópsias?
- Sim, são pequenos pedacinhos que são recolhidos durante a colonoscopia.
Além de me espiarem ainda me roubaram a minha intimidade. Acho que naquela altura como nao sabia bem ao que ia isso acabou por me ajudar.

terça-feira, 1 de abril de 2014

EM QUE DIREÇÃO FICA O WC MAIS PRÓXIMO?

1998. Um ano inesquecível, pelo menos para mim. Em plena Expo98 começam as cólicas. Não me recordo como estive nos dias anteriores mas acho que não se passou nada. Tinha de ser na Expo98, lembro-me de andar à procura do WC mais próximo por diversas vezes. Estava com um amigo, coitado. A dada altura quando temos cólicas deixamos de pensar. Não vale a pena falarem conosco, não se ouve nada. A nossa visão também começa a ser seletiva. Só vemos uma coisa: sanitas. Eu queria uma só para mim se não fosse pedir muito. Com as horas a passarem e eu a passar-me, cheguei ao fim da tarde. As cólicas aumentavam e a procura também. Lembro-me que nessa fase do dia eu tinha uma festa maior que a Expo98 dentro da minha barriga, e ia continuar. Dou por mim a correr, sim a correr. Quero uma casa de banho aqui! O meu amigo estava preocupado comigo e também corria. Casa de banho em manutenção. Socoooooorro! Por fim entrei num WC e nem sei se levava as calças na cintura ou nos joelhos. Ahhhhhhh! Que alívio! O meu amigo perguntou-me num tom paternal: "João, tu estás bem?" Esta frase está gravada na minha memória. No meio do fogo de artifício que eu fazia naquela sanita consegui responder: "Não, eu não estou nada bem" Olhei para a sanita e fiquei ainda pior. Sangue. A festa lá fora continuava mas para mim foi o encerramento. Como o meu amigo é meu amigo fez-me o favor de não fazer muitas perguntas. Viu a minha cara e deve ter ficado com medo. Fui para casa de táxi. Se o taxista soubesse que eu era uma espécie de bomba atómica não sei se me deixava entrar. Cheguei a casa da minha mãe e não comentei nada. Para quê espalhar o pânico? Se dissesse alguma coisa logo uma invasão de perguntas e eu sentia-me aqueles três macacos sábios. Deixem-me em paz! Tinha medo mas tinha mesmo de ir ao médico.

segunda-feira, 31 de março de 2014

O PRIMEIRO SINAL VERMELHO

Não me recordo bem, mas algures em 1997 fui ao hospital. Lembro-me que depois de mandar um fax, olhei para a sanita e qual não é o meu espanto quando vejo uma risca vermelha misturada na minha porcaria. Em pânico pensei logo: "Que é esta m...? Hemorróidas? Vou já ao hospital." E assim fiz. Fui ao Hospital de Santo António, às urgências. Esperei, esperei, e passadas umas horas lá fui eu. Triagem: "De que se queixa?", envergonhado nem sabia bem o que dizer. "Apareceu-me sangue ... nas fezes." Fui visto por uma médica novinha. Coitada dela que me pareceu insegura e coitado de mim que estava nas mãos dela (literalmente). Calçou uma luva e quando dei por mim, já me tinha metido o dedo no rabiote. Prognóstico: "O senhor João deve ter uma fissura algures no intestino, porque agora não aparece nada. Vá vendo nos próximos dias o que acontece." Vim-me embora para casa, um pouco menos virgem e nos dias seguintes estive atento. O vermelho não voltou a aparecer.